terça-feira, 14 de outubro de 2008

Duas pessoas...

- Sabem quantas pessoas tem havido desde o princípio do mundo até hoje?

- Duas. Desde o princípio do mundo até hoje,não houve mais do que duas pessoas:

uma chama-se humanidade e a outra o indíviduo.

Uma é toda a gente e a outra uma pessoa só.

Um dia perguntaram a Demócrito como tinha chegado a saber tantas coisas.

Respondeu: Perguntei tudo a toda a gente.

Bastantes séculos mais tarde,

Goethe confessou por sua própria boca que "se lhe tirassem tudo quanto pertencia aos outros, ficava com muito pouco ou nada".

Por aqui se vê que cada um é o resultado de toda a gente;

o que de maneira nenhuma quererá dizer que seja o bastante ter cada qual conhecido toda a gente para que resulte imediatamente um Demócrito ou um Goethe!

Precisamente o difícil não é chegar aos Grandes, mas a si próprio!... Ser o próprio é uma arte onde existe toda a gente e em que raros assinaram a obra-prima.

O que está fora de dúvida é que cada um deve ser como toda a gente, mas de maneira que a humanidade tenha efectivamente um belo representante em cada um de Nós.

José Sobral de Almada-Negreiros (1893-1970), Obra Completa

Numa aula de Conhecimento Social e Educação Infantil, o professor Luís Souta dirigiu-se a nós com este pequeno texto que, na sua opinião, deveria ser o modo como deveriamos encarar o acto educativo em educação de infância. Ao ouvir isto, não consegui ficar indiferente, estando em completa sintonia com o que tinha acabado de ouvir. De facto, é este sentido que deve encaminhar o papel do educador de infância.
Eu diria até...encaminhar o nosso sentido de vida!
By Vânia

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